No coração da Amazônia acreana, cercada por rios e florestas que parecem não ter fim, está Xapuri, uma cidade que guarda memórias, lutas e histórias de resistência. Conhecida nacionalmente como a terra de Chico Mendes, o seringueiro que se tornou símbolo mundial da defesa ambiental, essa pequena cidade da floresta é um destino onde a natureza e a cultura caminham lado a lado.
Localizada a pouco mais de 180 km de Rio Branco, a cidade combina o encanto do interior com a força de um legado que ultrapassa gerações. Suas ruas tranquilas, casas coloridas e o ritmo sereno das embarcações no Rio Acre criam um cenário que transporta o visitante a um tempo mais simples e humano.
Mas o destino amazônico não vive apenas da lembrança: ela se reinventa como um polo de ecoturismo e turismo de memória, atraindo visitantes interessados em conhecer de perto as reservas extrativistas, as trilhas ecológicas e os espaços históricos que contam a trajetória dos seringueiros e da floresta.
Visitar Xapuri é uma experiência transformadora. É sentir o ar puro da mata, ouvir as histórias de quem vive do que a natureza oferece e perceber que, mesmo distante dos grandes centros, há lugares que ensinam o verdadeiro valor da vida simples e sustentável.
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Localização e Acesso
A Cidade de Xapuri está situada no interior do Acre, próxima à fronteira com a Bolívia, a cerca de 188 km da capital Rio Branco. Localizada às margens do Rio Acre, em meio à imensidão da floresta amazônica, a cidade se destaca por ser um ponto de encontro entre história, natureza e resistência ambiental.
O acesso principal é feito pela BR-317, conhecida como Estrada do Pacífico, que liga o Acre ao Peru e é totalmente asfaltada até o município. A viagem de carro desde Rio Branco dura cerca de três horas, passando por belas paisagens de mata nativa e pequenos povoados rurais. Para quem prefere transporte público, há ônibus intermunicipais com saídas regulares da rodoviária da capital.
A chegada ao município histórico do Acre é uma experiência à parte. A estrada serpenteia entre seringais e campos abertos, e ao se aproximar da cidade, é possível avistar o Rio Acre cortando o horizonte e as casas de madeira que dão as boas-vindas aos visitantes. O clima é quente e úmido, típico da Amazônia, com chuvas frequentes, especialmente entre novembro e abril.
História e Cultura
A história de Xapuri está profundamente ligada à luta pela preservação da Amazônia e à formação da identidade acreana. Fundada no final do século XIX, a cidade nasceu durante o Ciclo da Borracha, período em que seringueiros vindos do Nordeste se fixaram na região para extrair o látex — produto que transformou o Acre em um importante centro econômico.
Foi nesse cenário que surgiu uma das figuras mais marcantes da história do Brasil: Chico Mendes. Nascido neste recanto da Amazônia ocidental, o líder seringueiro tornou-se símbolo mundial da luta ambiental e dos direitos dos povos da floresta. Sua trajetória de coragem e resistência continua viva na Casa de Chico Mendes, hoje transformada em museu, onde estão preservados objetos pessoais, fotos e documentos que contam sua história.
A cultura local reflete essa ligação com a natureza e a memória dos seringais. O artesanato em borracha, os cantos regionais, as festas religiosas e a culinária à base de peixe e produtos da floresta mostram como o povo xapuriense mantém vivas as tradições sem abrir mão do futuro.
Com seu povo acolhedor e sua aura histórica, o berço da consciência ambiental brasileira é mais que um município do interior do Acre — é um símbolo de resistência, simplicidade e orgulho amazônico.

Sustentabilidade, Economia e Vida na Floresta
Conhecida nacionalmente pelo exemplo de equilíbrio entre o ser humano e a natureza, Xapuri é uma das cidades amazônicas que mais preserva suas raízes extrativistas. Sua economia se desenvolveu a partir do trabalho nos seringais e hoje se apoia em atividades sustentáveis, que unem tradição, geração de renda e proteção ambiental.
A extração do látex, ainda presente em muitas comunidades, é uma das principais fontes de subsistência. Nas reservas extrativistas da região, os moradores vivem em harmonia com a floresta, retirando dela apenas o necessário. Essa prática garante o sustento de centenas de famílias e mantém viva a herança deixada por Chico Mendes — a ideia de que é possível produzir sem destruir.
Nos últimos anos, o município vem se destacando em projetos de economia verde. Cooperativas locais transformam o látex em produtos como bolsas, tapetes, calçados e peças de decoração, exportados para diversas partes do país. Essa iniciativa gera emprego e promove o desenvolvimento sustentável, fortalecendo o nome de Xapuri como referência em produção consciente.
Além da borracha, a castanha-do-pará, o açaí e o mel silvestre complementam a economia familiar, abastecendo feiras e mercados regionais. O turismo também ganha espaço: visitantes buscam vivências autênticas em trilhas ecológicas, passeios de canoa e visitas às comunidades ribeirinhas.
O município se orgulha de ser um dos poucos lugares do país onde o som dos pássaros e o cheiro da floresta ainda definem o ritmo da vida. Em cada conversa com os moradores, percebe-se o orgulho de quem aprendeu a cuidar da terra sem feri-la — e essa consciência coletiva faz dessa comunidade amazônica de alma simples um exemplo de sustentabilidade e respeito à Amazônia.
Turismo em Xapuri
O turismo nessa cidade amazônica é uma imersão na história, na natureza e na cultura da Amazônia acreana. O visitante encontra aqui um destino tranquilo, autêntico e profundamente conectado à floresta — um lugar onde o tempo parece desacelerar e cada detalhe convida à reflexão sobre a vida e o meio ambiente.
Um dos principais pontos turísticos é a Casa de Chico Mendes, transformada em museu e mantida exatamente como o líder seringueiro a deixou. O local preserva objetos pessoais, fotografias e relatos que emocionam e inspiram quem visita. Outro destaque é o Museu Xapuri, que reúne acervos sobre a colonização, o ciclo da borracha e o cotidiano dos seringueiros.
A natureza também tem papel central no roteiro. O Rio Acre oferece passeios de canoa e paisagens encantadoras ao entardecer, enquanto as trilhas ecológicas nas reservas extrativistas levam os visitantes a conhecer árvores centenárias, seringueiras e a biodiversidade local.
A Feira de Economia Solidária, realizada no centro da cidade, é uma oportunidade de conhecer o artesanato regional, as peças feitas de borracha natural e os produtos orgânicos cultivados nas comunidades rurais. Já o clima acolhedor e a hospitalidade dos moradores fazem qualquer visitante se sentir parte da vida local.
Visitar o coração verde do Acre é mais do que fazer turismo: é vivenciar um pedaço da Amazônia viva, onde a floresta e as pessoas coexistem em harmonia e cada canto conta uma história de luta, fé e esperança.

O Que Fazer na Cidade
Explorar o que há para fazer em Xapuri é descobrir o verdadeiro espírito da Amazônia. Cada canto do município revela uma história, um som da floresta ou um pedaço da memória acreana preservada com carinho. Essa cidade amazônica oferece experiências únicas para quem busca contato com a natureza, cultura viva e hospitalidade genuína.
Casa de Chico Mendes – O símbolo da resistência
O ponto mais emblemático do destino é a Casa de Chico Mendes, hoje transformada em museu. Simples por fora e repleta de significado por dentro, ela guarda objetos pessoais, cartas e fotos que ajudam a compreender a luta do seringueiro pela preservação da floresta. A visita emociona e inspira, lembrando que a coragem de um homem pode transformar o destino de uma região inteira.
Passeios históricos e culturais
O Museu Xapuri complementa a visita, reunindo artefatos, documentos e painéis sobre o ciclo da borracha e a formação do Acre. Caminhar pelas ruas antigas do centro, com suas casas coloridas e praças arborizadas, é como voltar no tempo. Os moradores gostam de conversar e contar histórias — e é nesse diálogo que o visitante entende o valor da simplicidade e da tradição.
Natureza viva e ecoturismo
Nas áreas rurais, as trilhas ecológicas levam a seringais ainda ativos, onde é possível acompanhar o processo de extração do látex e aprender sobre o modo de vida dos extrativistas. Os passeios de canoa pelo Rio Acre proporcionam uma vista privilegiada do pôr do sol e da vegetação ribeirinha. Para quem gosta de fotografia, é o cenário perfeito para capturar a essência da floresta.
Feiras e sabores regionais
No centro, a Feira de Economia Solidária reúne produtores locais que vendem castanha, mel silvestre, artesanato e objetos de borracha natural. É o local ideal para comprar lembranças sustentáveis e provar quitutes típicos, como o bolo de macaxeira e o peixe assado na folha de bananeira.
Visitar essa cidade ribeirinha do Alto Acre é se permitir viver experiências autênticas e entender como o passado e o presente da Amazônia se encontram em harmonia. Um destino simples, mas grandioso, que desperta o orgulho de ser brasileiro e o respeito pela natureza.
Gastronomia Local
A culinária acreana é uma das expressões mais autênticas da cultura amazônica, e em Xapuri o visitante encontra sabores que traduzem a simplicidade e a riqueza da floresta. A cozinha local mistura ingredientes nativos, tradições indígenas e toques nordestinos trazidos pelos antigos seringueiros, criando uma identidade gastronômica única.
Entre os pratos mais conhecidos está o peixe assado na folha de bananeira, servido com farinha e vinagrete. O tambaqui grelhado, o pirarucu ao molho de castanha e o caldo de piranha também estão entre as iguarias mais pedidas nos restaurantes locais. Tudo preparado com produtos frescos e temperos naturais, que ressaltam o sabor da Amazônia.
A cidade ainda preserva o hábito das refeições caseiras, geralmente servidas em pequenos estabelecimentos familiares. No almoço, não faltam arroz, feijão e carne de sol com mandioca. Já nas tardes quentes, o tradicional suco de cupuaçu ou de açaí batido na hora são indispensáveis.
Durante as festas regionais e feiras culturais, barracas de comidas típicas preparam bolos de macaxeira, pamonhas e doces de castanha, enquanto o aroma de café coado se mistura ao som das conversas nas praças. Comer em Xapuri é mais do que saborear — é participar da vida local e sentir o acolhimento de quem cozinha com o coração.

Dicas para Viajantes e Caminhoneiros
Viajar até o interior do Acre é uma experiência que combina aventura, estrada e natureza em estado puro. O berço da consciência ambiental brasileira é um destino acolhedor e tranquilo, ideal para quem cruza a BR-317 em direção à fronteira ou busca um lugar para descansar em meio à floresta.
Rodovias e trajetos
A principal via de acesso é a Estrada do Pacífico, totalmente asfaltada até o perímetro urbano. Apesar de bem conservada, o tráfego de caminhões e o clima úmido exigem atenção. Durante o inverno amazônico (de novembro a abril), as chuvas podem deixar o asfalto escorregadio e reduzir a visibilidade.
Pontos de parada
Ao longo da rodovia, há postos e restaurantes simples, mas com boa estrutura para caminhoneiros. Locais como o Posto Tucandeira e o Restaurante do Seringal são conhecidos pelo atendimento cordial e comida caseira. No centro da cidade, pequenas pousadas e hospedarias oferecem conforto a preços acessíveis.
Clima e cuidados
O calor é constante, por isso é essencial manter-se hidratado e evitar dirigir nos horários de maior incidência solar. Um boné, protetor solar e uma garrafa d’água são companheiros indispensáveis nessa rota amazônica.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Xapuri
Onde fica a cidade e como chegar até lá?
O município está localizado no interior do Acre, a cerca de 188 km de Rio Branco, com acesso pela BR-317 (Estrada do Pacífico). A via é asfaltada e oferece paisagens típicas da Amazônia, com trechos entre seringais e campos verdes.
Por que a cidade é conhecida como a “terra de Chico Mendes”?
Porque foi aqui que nasceu e viveu Francisco Alves Mendes Filho, o líder seringueiro que se tornou símbolo mundial da defesa da floresta e dos povos da Amazônia. Sua casa foi preservada e hoje é um museu aberto à visitação.
O que há para visitar na cidade?
Os principais pontos turísticos incluem a Casa de Chico Mendes, o Museu Xapuri, as trilhas ecológicas nas reservas extrativistas e o Rio Acre, que oferece paisagens perfeitas para passeios e fotografia.
Qual é a melhor época para visitar?
A época seca, entre maio e outubro, é a mais indicada, pois as estradas estão em melhores condições e as trilhas são mais acessíveis. No período chuvoso, o visual da floresta é exuberante, mas o trajeto pode ficar mais desafiador.
Como é a cidade para quem está de passagem pela estrada?
Tranquila e acolhedora. O centro urbano é pequeno, com restaurantes simples, postos e hospedagens familiares. É uma boa parada para descansar e apreciar a cultura local antes de seguir viagem.
Quais produtos típicos vale conhecer?
Os artesanatos de borracha natural, o mel silvestre, a castanha-do-pará e os doces regionais são lembranças perfeitas para levar um pedaço da floresta na bagagem.

Conclusão e Impressões Finais
Encerrar uma viagem por Xapuri é como voltar às origens do Acre e sentir o pulsar vivo da Amazônia. Essa cidade acreana tem o poder de tocar o coração de quem a visita, não por grandiosidade, mas pela força das histórias que guarda e pela simplicidade com que ensina sobre o valor da terra e das pessoas.
Caminhar por suas ruas tranquilas, observar o Rio Acre ao entardecer e ouvir o canto dos pássaros nas reservas extrativistas é uma experiência que vai além do turismo — é um reencontro com o essencial. O visitante percebe que a grandeza da floresta está não só nas árvores, mas também na coragem de um povo que aprendeu a viver em harmonia com ela.
Mais do que um destino de viagem, essa rota amazônica de fronteira é um símbolo de resistência, esperança e consciência ambiental. É o lugar onde o passado e o presente se unem para contar uma história de fé e propósito.
Ao deixar o município amazônico, o viajante leva mais do que lembranças: leva o exemplo de um povo que protege o que tem de mais precioso — a vida que brota da floresta. Um pedaço do Acre que continua ecoando no coração de todos que o conhecem.
📌 Continue explorando
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📍 Acre: Tesouros Naturais Que Representam o Espírito da Amazônia



